sábado, 6 de setembro de 2008

Rico


Esta postagem vai ter um sabor especial.
Eu e o Rico temos uma relação muito gozada, a gente se gosta e se sacaneia desde garoto.
Quando a gente começou, o Arpoador tinha uma hierarquia bem definida.
Gozado isto, o regionalismo é parte da cultura do surf, não tem jeito. Naquela época, tinha pouco mais de 50 surfistas no Rio, e já havia o conceito do Hauli.
Quem não era do Arpoador, não surfava no pontão. ficava pelo meio da praia, pegando direitas e as eventuais esquerdas, mas as esquerdas do pontão eram para os locais.
Eu era local, morava do lado, estava lá todo dia depois do colégio, mas o Rico vinha do Leblon, junto com o Mudinho, eles traziam as pranchas nuns racks que colocavam atrás das bicicletas.
O Mudinho era um fenômeno e as pessoas tinham simpatia por ele, sua deficiência, etc, mas o Rico era meio excluído.
Ai ele se colava com a gente, pra ter uma desculpa para chegar mais perto do pontão.
Fomos ficando amigos, o Mudinho e ele começaram a fazer pranchas, eu era fissurado, me colei com eles.
A vida inteira foi assim, ele se aproveitando de mim, eu me aproveitando dele.

Falando sério, tenho o maior respeito pelo Rico, ele foi o primeiro cara a encarar o surf como uma profissão.
Pra uns, surf era uma aventura. Para outros, era uma fuga da realidade.
Pro Rico não, desde sempre foi a vida dele, ele se dedicou a sério para transformar o surf em uma maneira de ganhar a vida.
Fez de tudo um pouco, fez pranchas, foi atleta, foi patrocinado pela Globo, teve confecção, loja, escola de surf, kiosque, promove campeonatos, eventos, enfim, tudo que ele fez é ligado ao esporte, apostou todas as fichas no surf, ou dava certo ou ele ia tomar o maior caldo.
Deu certo, hoje ele é uma pessoa bem sucedida, conhecido em todo Brasil, simbolo do esporte que ajudou a profissionalizar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Kaneca,
Aos poucos estou lendo todas as lendas e curtindo muito essa sua iniciativa ! E, gostaria de lembrá-lo do primeiro surfista que eu vi surfando; e muito bem, no pontão do Leblon por volta de 1968 quando la fui morar : ALVINHO NIEMEYER , longboarder de muito estilo e coragem que surfa muito bem até hoje . Abraço,
Gui Gama