domingo, 7 de dezembro de 2008

Lendas do Rio-Relson Gracie


Relson é o segundo filho do patriarca Hélio Gracie, criador do jiu-jitsu brasileiro.
Vem depois do Rorion e antes do Rickson, Royler, Rolker e Royce.
ele começou no jiujitsu aos 2 anos, aos 10 já competia, foi campeão brasileiro por 22 anos consecutivos. Daí seu apelido de campeão.
Relson é responsável por uma mudança muito importante na cultura surf.
A mistura com a cultura do jiu-jitsu.
Tudo começou numa estória que eu ainda não entendi muito bem, quando os Gracie foram ao Arpoador e bateram em todo mundo que estava na praia naquele dia.
Foi assim que os surfistas ficaram conhecendo o jiu-jitsu, que na época era a família Gracie e seus alunos.

Depois, Relson começou a surfar, ficou amigo do Paulinho Proença e do Otávio Pacheco, passou a frequentar a casa deles em Saquarema, a sede da famosa fábrica de parafina WAXMATE.
Eles trocavam aprendizados e filosofias de vida.
Os surfistas ensinavam o Relson a surfar, ele os ensinava a lutar. Logo todo mundo estava no jiu-jitsu, até o Peti.
Por incrível que pareça , Relson me disse outro dia que os surfistas eram muito brigões, que ele os acalmou um pouco...
Verdade seja dita, nesta época no Rio, tinha várias turmas de rua, a da Urca, da Barão, do Leblon, que viviam se engalfinhando em festas. Claro que os surfistas faziam parte delas também.
Segundo ele, os lutadores deram um jeito nisto, acabaram com as brigas de rua.
O certo é que depois dele, vários lutadores viraram surfistas e vice versa, inclusive o Rickson, Pedro Bataclin, Evandro 7.000, e muitos outros.
Relson vive há 20 anos no Hawaii, onde ensina luta para os policiais, os marines, e ajuda muitos brasileiros ameaçados.
Tem uma estória dele salvando o Mobral do Bradshaw que é clássica, mas deixo pra outro post.
Relson é uma figura doce e divertida, mas que ele mesmo alerta, nada tem ver com o faixa preta e vermelha 9 dan, quando está no tatame.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Conexão Sul 1: Pedro Chaves Barcellos



O surf no sul deu seus primeiros passos no início da década de 60, e foi a grande sensação que mudou de forma definitiva os hábitos de muitas famílias que difundiram e fizeram do esporte seu estilo de vida.

Através de relatos deixarei no Lendas do Surf, um pouco dessa história para todos que carregam na alma o espírito do oceano.

Abrindo a conexão com a origem do surf no sul, trago um relato dos anos 70, de Pedrinho Chaves Barcellos, que faz parte de uma das famílias mais incentivadoras do surf, os pais Pedro e Luiza, a irmã Marieta, que serão citados em memória, o tio Duche, o Nick e o Alemão Caio, logo estarão aqui também com um pouco de suas aventuras.

Por Cris Engler

Estudar e Surfar é uma questão de pés

Na entrevista de Pedro Chaves Barcellos, um detalhe que vai fazer muita gente voltar no túnel do tempo aos anos 70, foi sobre a fase de vestibular, quando ele, com 17 anos, André Krebs e o Chiquinho, da turma dos “Metralhas”, foram morar em Florianópolis para estudar, ou será surfar e estudar, não sei ao certo. Contou que uma coisa que ele nunca esqueceria na vida, foi que na sala de aula estudava ele, Serginho Leite, Antônio Catão, mais um paulista, o Zé Maria, os quatro sentavam no fundo da sala, e não tinha internet para saber das previsões da ondas, só sabiam que o mar estava subindo, ai no meio da aula aparecia o Perdigão na porta e sussurrava que tava 8”pés perfeito, ninguém falava nada, só se olhavam, fechavam os livros, levantavam e saiam, quer dizer, essa era a realidade deles. Estudar e surfar era só uma questão de quantos pés?

Texto retirado da entrevista de Pedro Chaves Barcellos

fotos do Pedro no Campeonato de Imbituba, Turma dos Metralhas e atolado na areia em 77.

Conexão Sul: Cris Engler


A Cris Engler está fazendo um trabalho fantástico, levantando através de entrevistas e fotos a História do surf no Sul do Brasil.
Ela é de Porto Alegre, mas seus relatos vão do Rio Grande do Sul até Santa Catarina, que desde os anos 70 se tornou uma espécie de MECA do surf, onde surfistas de todos os estados iam uma vez ou mais por ano.
Neste território neutro se encontravam baianos, cariocas, paulistas, paranaenses, gaúchos, e claro, Catarinenses, para trocar influências, formar amizades, e algumas disputas, claro.
Agora o Lendas se torna mais nacional, com os relatos da Cris, nossa correspondente no sul.
Seu livro se chama Origem Surf no Sul.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Conexão Bahia 1: Familia Moraes



Estou iniciando a postagem dos Icones da Bahia, selecionados pelo Lapo.
Como sempre, estamos abertos á críticas, sugestões, contribuições, etc
Fico feliz pelo Lapo ter começado por esta família, são pessoas que tem enorme importância na cultura surf, inclusive pelo que fizeram no Rio. Ai vai o texto do Lapo:

Sem duvida a familia de seu Gabriel Moraes, Jorge e Almir foram as pessoas mais influentes do inicio do surf na bahia. Foram um marco para a época, ao fazerem pranchas no final da decada de 60, entre 68 e 69 em Amaralina.
Seu Gabriel surfava de vez em quando, já com cabelos brancos, Almir era engenheiro quimico e Jorge a alma da oficina.
Eu ainda pegava de isopor pintado para não assar a barriga, e via seu Gabriel passando num furgão com uns caras enormes, Tourão, Champrão, Ze Estanque , Jorge e Almir, para surfar no Farol da Barra, onde nesta epoca ja surfavam tambem Zé Alberto Catarino, no Rio Vermelho Jorge Rupsell de madeirite com Camara e Roberto Fadul e mais alguns poucos na Barra, na Graça e na Pituba. Eram nossos ídolos, garotos maiores, com pranchas enormes e pesadas.
Alguns deles nos deixavam experimentar o madeirite quando estavam cansados.
Conheci a familia de seu gabriel e passei a ir muito na oficina deles.
Eles não deixavam a gente ver como eram feitas as pranchas, somente Braulinho, que consertava pranchas pra eles tinha acesso à oficina.
Eles também expandiam blocos e rapidamente fizeram a transição dos pranchões para as mini models.
Minha primeira prancha já tinha forma de pranchinha, tinha uns 8 pés e foi comprada em 1970 .
Ràpidamente todos os surfistas da bahia compraram pranchas HATY pois era a única forma de evoluir.
Almir, Jorge e o pessoal da Amaralina tinham fama de big riders pois surfavam os outsides do Otche , Caraca, e Quebra Coco, ondas só surfadas por eles na epoca.
Em 72 eles se mudaram para o Rio para expandir o negocio em sociedade com Zé Alberto Catarino, deixando um grande buraco na Bahia.
No Rio patrocinaram o Bocão, já como JL Surfboards, pela primeira vez uma marca de prancha patrocina um surfista com remuneração.
Jorge morreu queimado enquanto shapeava e com isto a JL terminou, pois ele era a alma e a motivacao da fabricação das pranchas.
Na foto, uma bela homenagem a ele na 1 Brasil Surf em 1975.
A familia de Seu Gabriel Moraes e a Haty serão sempre lembrados com muito carinho , saudosismo e reverência por todos os surfistas daquela epoca.
Fiquem em paz muito axé e aloha!




segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Lapo Coutinho



Esta postagem tem um sabor triplamente especial.
A primeira, é que á partir de agora Lapo vai nos fornecer informações sobre os Icones do Surf na Bahia.
A segunda, é que Lapo tem um dos maiores curriculos do surf brasileiro.
E finalmente, porque é um grande e antigo amigo, a quem tive o prazer de conhecer em Salvador, em 1973.
Ai vai um pequeno resumo do grande personagem que ele é:
Extraido de texto de Gabriel Macedo no www.surfbahia.com.br:

Seu início foi em 1967, na praia da Onda, em Ondina.
Seus parceiros eram os surfistas de Ondina e Rio Vermelho (Paciência), nomes lendários como Sérgio Sallenave, Jorge, Fredão, Deca, Cly, Jairo, Thor, etc. Garotos de 10 a 15 anos que no futuro colocariam seus nomes na história do surf baiano.
Em 73 começou a Musa Surfboards, fazendo quilhas, depois se tornou laminador junto a Buga e os shapers Bráulio e Tarquinio Guelez. A Musa foi a maior fábrica de pranchas do nordeste por muitos anos.

Sua primeira vez no Hawaii foi no inverno de 75 / 76.
Em 1981 partiu para o Hawaii definitivamente, só voltou ao Brasil em 89. Morou um ano em Maui e depois no North Shore de Oahu.
Virou o embaixador do surf brazuca. Nomes importantes do cenário nacional freqüentavam a sua casa.
Logo se tornou um excelente big rider. Waimea, Avalanche e Himalaia, vários mares no limite da remada, 20 a 30 pés.
Nessa época fez algo impensável até para os dias de hoje: fechou um campeonato em Pipeline só para brasileiros, O Brazilian Nuts, em março de 88.
Em 1990, voltou à Bahia e fundou a primeira escolinha de surf em Ilhéus.
De volta pro Hawaii em 96, esta lá até hoje.
Foi um dos pioneiros no tow-in junto com Sheena.
Ensinou surf em várias escolinhas em Honolulu e no North Shore; salva-vidas no West Side; eleito por quatro vezes o melhor juiz do Hawaii, de 98 a 2001; técnico da equipe havaiana em dois mundiais da ISA; juiz do WCT e WQS há sete anos, do Eddie Aikau e dos eventos de tow-in, foi chamado para ser head-judge da primeira etapa do circuito mundial de tow-in.
Pai de três filhos - Charles Coutinho, que nasceu no Hawaii e é shaper, ; Lapo Gabriel Coutinho, jovem competidor; e o caçula Manahere Samuel, que mora no Tahiti.
Nas fotos, Lapo em waimea e Chuns Reef.

Um cara como esse tem que ser aproveitado de todas as formas, e nós somos previlegiados por tê-lo como nossa fonte de informações sobre os baianos e outros surfistas em geral.



quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Yso Amsler



Yso é um dos caras mais apaixonados pelo surf que eu conheço, que leva mais a sério um campeonato. Eu brinco com o Wady Mansur, que um dia ele vai descuidar e o Yso vai ganhar um Petrobrás Longboard.
Está no sangue. Yso foi um grande surfista, um cara de uma coragem enorme, perdeu um olho surfando no Hawaii, duas semanas depois, estava na água de novo. Durante muito tempo foi shaper profissional, trabalhou no Peru, no Havai. Fez prancha pra grandes surfistas, Cauli Rodrigues é um.
Viveu de prancha, de surf, viajou muito, até que não deu mais, filhos, etc
Encarna bem o espírito da transição entre o surf antigo, da paixão, com o surf moderno, da indústria.
É um cara de muita raça, muita força, muita coragem.
Hoje trabalha com petróleo, mas sua paixão continua sendo shapear e surfar.
Organiza surtrips anuais onde inferniza a vida dos incautos.
Seus longboards tem as pinturas mais bonitas que conheço, suas fichas de laminação são feitas com a precisão de engenheiro, ele determina até largura de linha de contorno.
Adora campeonatos com a mesma intensidade que eu os detesto, Leva súper á sério. Quando não está no Brasil, pede pra inscreverem seu nome, se não tem mais vaga, vai pra praia esperando uma desistência. Usa os amigos, pede, implora, faz de tudo pra participar.
Meu grande prazer em campeonato é irritá-lo, tentar distraí-lo, mas ele se concentra tanto, que nem ouve minhas piadas. Nem cerveja ele bebe perto das baterias. Seu filho é que fica indignado comigo. Sorte ele não ser brigão como o pai.
Atualmente, ele se dedica ao levantamento de copos de cerveja, mas a determinação continua enorme, se cuida Wady!

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Joãozinho Príncipe


Quando eu conheci o João, ele era um moleque magrinho, louro, de cabelos quase brancos, olhos azuis, bem cara de europeu, que ia sempre ao Arpoador com dois caras bem gringos também, com forte sotaque italiano, o Marcello e o Giácomo.
Era uma turma extranha, eles vinham sempre de motorista, com altas pranchas, mas eram caras súper simples, gente boa, e a gente não prestava muita atenção em quem era quem naquela época.
Depois descobrimos que os dois italianos eram condes, e apelidamos o joão de princesa, achei que por ser angelical, nunca prestei muita atenção no fato.
Tempos depois, estava em Imbituba com ele, e notei que os Catão, sempre tão esnobes, ficavam bajulando o João.
fomos andar de lancha, ele levou uma máquina de filmar, daquelas que tinha uma bolsa de couro pra carregar, e na bolsa tinha o nome dele gravado numa tira de plástico colorido .
Eu estava sentando e ele de pé, a bolsa na altura da minha vista, e sem prestar muita atenção comecei a ler o nome que estava gravado nela.
Caramba, o cara tinha todos os nomes que eu estudei nas aulas de história.
Era família real de todos os lados. devia ter uns 10 nomes, todos conhecidos. Eram várias linhas de plástico colorido, todas cheias de nomes. Ai é que me dei conta que o cara era príncipe mesmo!
Muito depois descobri que o pai, com medo que tirassem dele o direito de usar o titulo de principe, registrou o garoto como Principe Dom João Henrique de Orleans e Bragança e etc...
últimamente, só de sacanagem eu o chamo de Principe Dom, este é seu primeiro nome, ha,ha....
Joãozinho era comédia, sómente o surf carioca pra ter um príncipe como ele, simples, doidaço, com um cabelo enorme, mas elegante, fiel, bom amigo.
Agora ficou sério, até rei tentou ser, mas quando estamos sózinhos, é o Joãozinho de sempre.
Nesta foto, João, Proença, Rose e Bento em Saquarema.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Lendas de Wavetoon


Eu sei que tem gente nos achando preconceituosos por só estar postando icones do Rio.
Afinal, cadê os surfistas de São Paulo, do Sul e do norte?
Bom, da Bahia, Lapo Coutinho está me devendo uma lista de icones.
Do sul, a Cris Engler vai me mandar o material para a Conexão de Surf do sul.
Estamos providenciando alguém que organize os icones de São Paulo.
Pra mostrar que estamos abertos a todos os icones do surf, vou postar os legends de uma ilha que acabo de descobrir, o WAVETOON.
Eis o primeiro.

Jonas Dulong:


Desde pequeno freqüentou a arrebentação levado por seu pai, mas só foi descobrir o surf quando os pioneiros começaram a surfar na Praia Grande na década de 50.
Jonas ficava observando aqueles garotos mais velhos se divertindo e logo deu um jeito de arranjar um madeiritte para poder participar da turma.
O cara logo começou a destacar-se pela fluidez e harmonia de seu surf. Jonas fez escola nos anos setenta no Píer da praia Grande e foi um dos primeiros a migrar do longboard para as mini-model. Muita gente em Wavetoon copiou o seu jeito de pegar ondas. Surfar bem para ele significava ter estilo, fazer cada manobra com perfeição.
Foi Jonas que trouxe para Wavetoon a “Escola do Envolvimento” de Bob McTavish, Nat Young e George Greenough. A idéia era, andar mais intensamente por dentro e próximo à crista da onda sem perder velocidade e aproveitando todas as possibilidades.
No fim dos anos setenta ele foi ao Hawaii.
Infelizmente, num dia clássico de Waimea, 30’plus, ele remou numa enorme direita, perfeita e lisa, parecendo ter o domínio total da situação. Foi então que o inesperado aconteceu; uma seção à sua frente fechou e ele foi apanhado pelo lip desaparecendo na espuma.
Atrás desta onda uma série enorme entrou fechando a baía. Nunca mais foi visto...
Pra quem não sabe, wavetoon fica em http://wavetoon.blogspot.com

Otávio Pacheco


Targão, pros amigos, é um cara que está em todos os momentos do surf, sempre em posição de destaque.
Garoto, no Arpoador, já pegava de pé em cima de pranchas de isopor, as planondas, com uma quilha do lado contrário e revestidas de pano pra não ralar o peito.
Depoi foi bom nas maderites, entrava na onda sem pé de pato, andava até o bico, coisa que só o Betinho e mais uns poucos conseguiam fazer.
Foi um grande surfista de ondas grandes no Havai, onde até hoje é respeitado, até amigo do Fast Eddie ele é.
Foi produtor do filme Nas ondas do Surf, do Livio Bruni, onde segurou a maior "onda".
Agora, seu maior feito foi ter ficado um ano viajando de kombi pela América do Sul, Peru e adjacências, na compania do Xuxa (que virou médico nos EU e sumiu), e Paulinho Proença.
Imagina só o que é ficar um ano numa kombi com o Rato?
eu pedi pra ele fotos desta viagem, pelo menos da kombi, e a resposta é totalmente anos 70: A gente não levava máquina, era "Só o sol por testemnunha"!
Esta foto histórica, que eu roubei do site do Yso Amsler, feita por seu irmão, Nando Moura, mostra os finalistas seniores do primeiro campeonato do Pier, 1972, do qual eu fui juiz.
Por ordem, da esquerda pra direita, com seus repectivos lugares no podio:
Betão(3), Vanderbill(6), Yso(2), Maraca(5), Targão(1) e Paulinho Proença(4).

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Paulo Sefton


Conheci o Paulinho Sefton na primeira vez que fui ao sul, 1971 se não me engano, em Imbituba.
Os gaúchos mandavam por lá, Alemão Caio, um monte de gente, e Paulinho se sobressaia por ser o mais maluco, o mais corajoso, o que pegava as ondas maiores.
eu ficava impressionado com ele, bem menino, caindo sózinho na Vila grande, fim de tarde, sem ninguém pra pedir ajuda na roubada.
Agora, o que mais me impressionava era ele dirigindo seu fuscão branco de tala larga.
Um vez a gente estava indo pra Laguna, pela BR, quando paulinho foi fazer uma ultrapassagem pela contramão na curva. Vinha um caminhão do outro lado, por sorte tinha um posto de gazolina bem na curva, ele entrou pelo posto á toda, tinha água e óleo na pista, ele rodou, atravessou o posto girando, saiu do outro lado, consertou o carro e continuou como se nada tivesse acontecido.
Eu vinha logo atrás, só de olhar fiquei tremendo de medo, e ele minimizou depois, como se fosse coisa normal.
Depois vou falar sobre os caras do Sul, a Cris Engler está me devendo a estória do surf lá, mas não posso deixar de falar no Paulinho agora, porque ele fazia parte da nossa turma.
ele continua a surfar super bem.
Esta foto maravilhosa foi roubada do orkut da Rose, grande amiga que morava em Imbituba na época, casada com Bento Xavier.
Nela estão, Sabbá, Sefton (ainda moleque), Macalé, vitor e Ronaldo.Imbituba 76.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Henrich Von der Schulenburg



Espero que esteja escrito certo.
o nome é bem pomposo.
Ou Henrique da Bennet, agora Henrique da Rhyno.

Henrique namorava uma menina que tinha casa perto de mim em Guaratiba.
Ficamos amigos.
Estava sempre lá, em volta de minha oficina.
Ele sempre foi perfeccionista, fissurado, bem prussiano mesmo.
Era um excelente surfista, depois foi morar na California, trabalhou na Gordon& Smith, virou um excelente shaper, voltou pro Brasil e montou a fábrica de espumas Bennet Foam.
As suas espumas são de primeira qualidade, seus plugs de primeira também, trouxe nossa indústria ao primeiro mundo.

Nunca mais foi visto na praia, outro dia o encontrei num campeonato da Prainha, e entendi porque.
Aturar um monte de shapers chatos deve ser dose mesmo.

Ah, Henrique me apresentou á mãe de meu filho, não poderia querer uma mãe melhor, me faz muito grato a ele.

sábado, 18 de outubro de 2008

Bocão


Bocão é um cara entusiasmado, apaixonado pelo surf, que tem vários motivos para ser um ícone desta cultura.
sempre foi fissurado, lembro de um dia em que eu apareci na praia com uma prancha, Bocão era bem garoto, ele viu a prancha e me falou, parece com uma que está na página número tal da Surfer Magazine do mês tal, ano tal. Fui ver e era.
O cara sabia as páginas das Surfers de cor!
Foi o criador do Realce, programa de tv que deu visibilidade ao surf, junto com o Antonio Ricardo.
Depois disto teve vários outros programas, contribuiu para a consolidação do surf na mídia eletrônica, agora tem um canal de esportes radicais, o WOOHOO.

Agora, para mim, sua mais sensacional contribuição foi a invenção da quadriquilha.
A gente precisa aprender a dar valor ao que é criado por aqui.

sábado, 11 de outubro de 2008

hoje foi um dia abençoado!





frase do Wady. Concordo.
O Rosaldo organizou uma homenagem ao Peter Troy, para ser realizada durante o campeonato WQS que se realiza no Arpoador.
A idéia era irmos remando até o pontão, fazer aquele circulo havaiano, etc
Não deu, por motivos técnicos da prova, mas em seu lugar, tivemos uma rodada de encontros e conversas que valeram todo o esforço do Rosaldo.
apareceram por lá o Arduíno, que estava sumido já há algum tempo, Mário Bração, Fernanda Guerra, Wady, eu , Rosaldo, Bocão, Sabbá, Fedoca, Fabio Kerr, Adolfo Gentil, e muitos outros.
Não quero ser exagerado mas durante um bom tempo tinha um monte de repórteres, cinegrafistas e fotógrafos em volta de nós, embevecidos pelas estórias do Arduíno.
Como já disse, não tive contato com ele nos velhos tempos, eu era bem mais jovem, mas sempre o admirei, por sua personalidade única, sua maneira corajosa de viver a vida.
O que era pra ser uma homenagem ao Peter Troy acabou sendo, isto e uma homenagem ao Arduíno.
Foi emocionante ver os repórteres, muito mais jovens, querendo saber tudo da ligação do Arpoador com a bossa nova, com o cinema novo, tudo que efervecia durante os anos 50 e 60.
As repórteres querendo saber das mulheres, era claro o fascínio que ele ainda exerce sobre as meninas, assim que começa a falar com seu jeito calmo e simples.
Eu fiquei como criança, ao lado dele, pra ouvir as estórias.
Até Mário Bração, que é meu guru, ficou menino do seu lado.
Quando me entrevistaram, foi emocionante lembrar que o Penho passou por mim remando na primeira mini model bem ali, no samarangui, onde nós estávamos.
Eu pude ve-lo de novo, como no filme Titanic.
Interessante a passagem do tempo.
eu não peguei as madeirites. Foi a época do Arduíno. Até os longboards.
Quando as pranchas viraram mini, ele parou de surfar.
Foi quando começou a minha época.
Eu não sabia nada sobre o Peter Troy, pouco sobre o Arduíno, antes de começar este blog. Só por isto, ele já vale.
Desculpe Fernanda, se vc não é a primeira surfista mulher, quem é então? Já mudei no blog.
Se pudermos ter outras homenagens como a de hoje, para outros lendas, vai ser o máximo.
Quero poder presenciar.
Para resumir o sentimento do dia, cito o Mário:

Vou embora, chega de homenagens, visívelmente emocionado!

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Wady Mansur






Este cara não tem mais idade pra ganhar da garotada, mas se o critério de julgamento fosse qualidade de surf, ele ganhava fácil, em qualquer categoria.
É o surf de longboard mais bonito que conheço.
Wady é um estudioso da estória do surf, das manobras, pesquisa como se fazia uma manobra há 40 anos atrás, treina pra fazer igual.
Eu o respeito muito por isto, acho importante para a nova geração entender de onde vem as manobras, entender a cultura, a arte.
O Wady faz no Brasil o que o joel Tudor faz no mundo, reverenciar a cultura de longboard, senão, vira pranchinha grande.

Sua família está presente em todos os momentos da estória deste esporte, dos anos 70 até agora.
Abriram uma loja MANSURF em frente á loja MAGNO, produziram roupas, parafinas, cordinhas, decks, fizeram campeonatos, enfim, Wady e Fuad estão em todas, sempre.
Além do mais, nada mais engraçado do que ouvir o Wady com Picuruta e compania, narrando um campeonato.

Fico meio deprimido quando vejo campeonato de Legends, caras que surfavam muito, hoje mal conseguem entrar nas ondas.
Wady, ao contrário, é um bálsamo pros olhos, está constantemente evoluindo, seu surf hoje é melhor do que era antes. (ou é o fotógrafo que é melhor?)
estas fotos são recentes!

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Daniel Friedman



Daniel é um dos mais habilidosos surfistas de todos os tempos, do nível de Peti, Betinho, etc
também é um grande shaper.
Sua obstinação em trabalhar com resina epoxy desde os anos 80 é impressionante, 20 anos depois, com toda a evolução nos materiais, ainda dá vontade de se suicidar, imagina naquela época.
Pra mim, sua principal contribuição para a cultura surf é ter desenvolvido um nova atividade profissional, juiz de campeonato, e depois, diretor de prova.
Ele é hoje um grande diretor de provas no circuito brasileiro.
Por ironia, no único campeonato em que participei, fui juiz, no Pier, e o Daniel ganhou brilhantemente.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Pré história do surf- Chicão Brasileiro


Ao contrário do que eu mesmo pensava, o surf não começou no Arpoador.
Existem relatos de gente pegando ondas em Copacabana, lá pelo Posto 4, com umas pranchas de madeira, ocas, enormes, pesadas, tinham até tampa pra tirar água de dentro.
Isto lá pelos anos 50.
Existe também o registro de Raimundo Castro Maia, usando uma prancha nos anos 30, em frente ao Copacabana Palace. Só que não temos fotos.
Parece que tudo começou com um artigo na Revista Mecânica Popular, americana, que ensinava a fazer uma prancha de madeira, provavelmente o mesmo artigo que influenciou os caras lá de Santos a fazerem pranchas.
Parece que o surf foi indo pro Marimbás, onde os caras da caça submarina se reuniam, e de lá passou pro Arpoador, onde explodiu, devido ao caldeirão cultural que era, cheio de gringos, artistas.

Agora, com certeza havia um movimento de surf mais organizado em SP do que a gente imagina, vejam esta foto, tirada em Ubatuba/SP, em 1930.
Deve ser uma destas pranchas de madeira oca.

Este cara foi certamente um dos primeiros surfistas no Brasil.

Francisco Brasileiro, mais conhecido como Chicão Brasileiro, sogro da Patricia Young.

Foi escritor, poeta, sertanista e membro da Academia Brasileira de Letras.

Nilton Barbosa

Suas fotos na Brasil Surf são marcantes, o início do surf como esporte sério.

Fedoca


Fedoca era moleque no Pier, mas já registrava a garotada. continua até hoje, com o click surf.
esta fot tem o André Ptzalis, Larri, Pepê, Cauli e Fedoca, na redação da Brasil Surf.

domingo, 21 de setembro de 2008

Múcio Scorzelli

Eu estava querendo um ícone dos fotógrafos, mas acho que todos os 3 foram igualmente importantes: Múcio, Fedoca e Nilton Barbosa.
então, vou lembrar dos 3.
Mucinho estava sempre em Saquarema, em Guaratiba, onde desse onda e fosse mais exótico. tinha uma estilo sofisticado, era um fotógrafo de tudo, não só de surf.

domingo, 14 de setembro de 2008

As verdadeiras estórias

Este fim de semana tive o prazer de reencontrar um velho amigo, e reescrever uma estória que eu achava que era de uma maneira, mas não era.
Uma lição de humildade ao contar estórias.
Lapo Coutinho, que esta no Rio julgando o WCT feminino, é um amigo do tempo em que fui pra Salvador ensinar aos surfistas de lá como fazer pranchas.
A estória que sempre contei, é que a Reforplás, loja que nos vendia material nos anos 70, queria incrementar as vendas de material na Bahia, e me convenceram a passar uma temporada em Salvador, ensinando a garotada a fazer pranchas.
Eu fui com meu laminador numa brasilia amarela, montar uma oficina no Rio Vermelho.
Conhecemos uma galera maravilhosa, Lapo, Bráulio, Juarez, Lulinha e um monte de gente que não me lembro mais dos nomes.
Foi o máximo, apesar de chover todo o tempo (sempre que fui a Salvador pegar ondas, choveu o tempo todo!).
Fiquei apaixonado por Salvador, pelos baianos e pelas baianas também. A cozinha, tudo.
Pensei sériamente em morar lá, mas na época meu negócio no Rio estava bombando e lá não teria estrutura.
Ficou até hoje uma promessa pra mim mesmo de passar um tempo em Salvador.
bom, o que importa é que eu sempre achei que fomos a primeira oficina de pranchas organizada em Salvador, que iniciamos a produção de lá, etc, mas Lapo me mostrou que antes disto, já havia lá uma fábrica, que inclusive expandia seus blocos, e que depois, por falta de mercado, se mudou pro Rio ,onde virou a JL, que nós chamávamos de os BAIANOS.
Jorge, Almir e o pai já faziam pranchas lá anos antes de eu e joão aportarmos, então, peço descupas a todos que contei a estória errada.
Nos papos maravilhosos que tivemos, eu , Lapo e Flávio Dias, lembrei de outra estória que sempre contei errada.
quando a Brasil Surf ia ser lançada, eu estava indo embora do Brasil.
O Ricardo Bravo veio me entrevistar para o que seria a primeira entrevista da Revista.
Fui embora sem ver, voltei 5 anos depois, nunca vi a revista em vida, e sempre contei que sai na primeira Brasil Surf.
Anos depois é que descobri que quem saiu foi o Rico. Outra estória mal contada.
Moral da estória. Muitas vezes a gente acha que sabe como as coisas aconteceram, mas só tem uma visão parcial. É confrontando com as estórias dos outros, que descobrimos como a coisa se passou de verdade.
É com este espírito que nós estamos tentando fazer este projeto, contar as estórias como elas realmente foram. E preciso da ajuda de todos.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Livio Bruni


Na época do Pier tinha um monte de gente filmando em super8, toda hora tinha uma exibição de filmes de surf, na casa de alguém, mas o Livinho passava filmes no Bruni 70, em Ipanema. Era o maior evento.
Depois produziu um filme que acredito o primeiro e único filme nacional de surf em formato profissional, com filmagens no Havai.
O 'Nas Ondas do Surf", que eu não vi, mas dizem que ficou legal, com altas ondas.
Otávio Pacheco trabalhou na produção, tem altas estórias para contar, o filme foi feito na época em que Livinho estava passando de surfista boa praça para traficante da pesada.

domingo, 7 de setembro de 2008

Persegue





Persegue está presente na maioria das estórias que se conta da época do Arpoador.
Foi o primeiro cara a surfar a prainha, junto com o Mário Bração, ganhou o primeiro campeonato de surf do Arpoador, tinha uma prancha antológica, vermelho com uma cruz creme, que era meu sonho de consumo.

Fernanda Guerra




Fernanda é o ícone de todas as mulheres surfistas.
Surfa desde o Arpoador até hoje, tem o maior orgulho disto, está sempre presente representando a mulher no suf, é adorada pela nova geração, enfim, nossa galeria não seria completa sem ela.

sábado, 6 de setembro de 2008

Magno

Magno foi dono da primeira loja de surf que eu conheço, a MAGNO, no Arpoador.
Era uma lojinha mínima, mas tinha uma enorme influência na gente.
Ele patrocinou os primeiros campeonatos no Arpoador, 1964.
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Existem relatos de uma loja me Copacabana, chamada SURF, que eu não conheci, mas se tiver alguém que saiba mais sobre ela, por favor.

A loja Mansurf, que ficava ao lado da Magno, foi aberta em novembro de 1972, pelo pai do Wady Mansur. Foi pioneira em patrocinar atletas e o Filme "NAS ONDAS DO SURF".

A loja Ala Moana, aberta em 1973/74, realizou os primeiros Campeonatos de Surf em Saquarema.

Nelson da Waimea

Nelson foi dono da Waimea, loja de surf que dominou a cena durante um bom tempo, e patrocinou campeonatos internacionais, como o Waimea 5000.
Chupando do blog do Rico, em 1975 teve um campeonato no Arpoador,patrocinado pelo Bruno Hermanny, da Aquacenter, mas foi em 1976 que começou a circuito mundial, com provas na Austrália, África do Sul e Brasil.
O do Brasil foi o WAIMEA 5000, patrocinado pela Waimea, do Nelson.
o nome vem do fato do prêmio ser de 5.000 dólares.

Peti


Peti de certa maneira sucedeu o Arduíno em carisma.
O Arpoador era meio careta, preconceituoso, as tribos não se misturavam.
Peti é símbolo da loucura do Pier, da mistura de culturas, do surf, dos artistas, das drogas, da política, juntas no mesmo caldeirão.
Esta foto, que eu não conhecia, mostra exatamente como ele era dentro dágua, totalmente na frente de sua época, e pouco se lixando pra isto. foto chupada do orkut do Wady.(chupado não é roubado!)

Flávio Dias e Alberto Pecegueiro


Flávio Dias e Alberto Pecegueiro, conseguiram um feito histórico na cultura surf brasileira, entre março de 1975 até janeiro de 1979, eles editaram e distribuíram em bancas de jornal, ou através de assinaturas, a pioneira revista "Brasil Surf" o primeiro veículo de mídia especializada em surf do Brasil.
Depois deles, tudo está registrado em fotos, reportagens, etc
Anos depois surgiriam a "Visual Esportivo" comandada por Nilton Barbosa e a "Fluir", criada por Bruno Alves, Romeu Andreatta, Fernando Mesquita e Cláudio Martins.

Rico


Esta postagem vai ter um sabor especial.
Eu e o Rico temos uma relação muito gozada, a gente se gosta e se sacaneia desde garoto.
Quando a gente começou, o Arpoador tinha uma hierarquia bem definida.
Gozado isto, o regionalismo é parte da cultura do surf, não tem jeito. Naquela época, tinha pouco mais de 50 surfistas no Rio, e já havia o conceito do Hauli.
Quem não era do Arpoador, não surfava no pontão. ficava pelo meio da praia, pegando direitas e as eventuais esquerdas, mas as esquerdas do pontão eram para os locais.
Eu era local, morava do lado, estava lá todo dia depois do colégio, mas o Rico vinha do Leblon, junto com o Mudinho, eles traziam as pranchas nuns racks que colocavam atrás das bicicletas.
O Mudinho era um fenômeno e as pessoas tinham simpatia por ele, sua deficiência, etc, mas o Rico era meio excluído.
Ai ele se colava com a gente, pra ter uma desculpa para chegar mais perto do pontão.
Fomos ficando amigos, o Mudinho e ele começaram a fazer pranchas, eu era fissurado, me colei com eles.
A vida inteira foi assim, ele se aproveitando de mim, eu me aproveitando dele.

Falando sério, tenho o maior respeito pelo Rico, ele foi o primeiro cara a encarar o surf como uma profissão.
Pra uns, surf era uma aventura. Para outros, era uma fuga da realidade.
Pro Rico não, desde sempre foi a vida dele, ele se dedicou a sério para transformar o surf em uma maneira de ganhar a vida.
Fez de tudo um pouco, fez pranchas, foi atleta, foi patrocinado pela Globo, teve confecção, loja, escola de surf, kiosque, promove campeonatos, eventos, enfim, tudo que ele fez é ligado ao esporte, apostou todas as fichas no surf, ou dava certo ou ele ia tomar o maior caldo.
Deu certo, hoje ele é uma pessoa bem sucedida, conhecido em todo Brasil, simbolo do esporte que ajudou a profissionalizar.

PePê



Todo mundo conhece o PePê.
Vou apenas contar uma estória que explica pra mim quem ele era.
Ea um dia grande no Pier Backdoor.
Pra quem não conheceu, era o lado do Pier virado pro Arpoador, o lado contrário ao pier, onde quebravam ondas grandes em dias cavernosos, sempre chuvosos, muito perigoso, porque as ondas nos jogavam contra as pilastras de ferro, se vc caisse na primeira seção da onda.
Estávamos lá fora um do lado do outro, Pepê mais por dentro, junto ao pier, quando veio uma série grande, começamos a remar numa onda que ficou casca demais, eu ia puxar o bico, quando vi que o Pinimba continuava remando. Pensei, se ele, que está mais perto do pier, acha que dá, então vamos! E remei com tudo. Bom, resumo, fomos ambos cuspidos no meio do drop, passamos pelo meio das pilastras, a prancha dele quebrou ao meio, a minha ficou com a rabeta esmagada, por sorte nada nos aconteceu.
Saí do outro lado e vi o Pepê sentado na areia, com a cabeça entre as pernas, com uma cara desolada, e fui consolá-lo.
ele chorava copiosamente, e me disse, cara, depois que passa, eu vejo a merda que faço, mas na hora eu não sinto medo.
Eis ai o segredo do Pinimba, ele não tinha este sentimento que nos protege, o medo.
Ele sempre ia mais fundo, mais alto, mais rápido.
Aliado a um talento imenso, esta qualidade/defeito o levou a ser campeão em todos os esportes que praticou, e também á morte.

Mudinho



A galeria de ícones do surf não estaria completa sem o Mudinho.
o cara foi tão influente que numa época o surf era cheio de mudinhos.
Carlos, o nosso mudinho, é um dos melhores surfistas que eu vi no Brasil.
Até hoje é um ótimo longboarder, tive o prazer de vê-lo ganhar um campeonato na Macumba há poucos anos.
Quando a gente era garoto andávamos muito juntos, eu, ele e o Rico.
O mudinho era a maior figura, porque na verdade é surdo, fala muito e alto.
Uma vez perdemos um avião esperando o Rico.
Quando o Rico finalmente chegou, o Galeão velho ecoava com os urros do Mudinho, UTA QUI UARIU!, UTA QUI UARIU! E o Rico, rindo, gritava: cala a boca, mudinho!
O Rico adorava sacaneá-lo, tinha um prazer especial em vê-lo furioso.
Confesso que eu tb achava gozado.
Eu tinha uma paciência especial com ele, dizia que falava várias línguas, inclusive mudez.
Uma vez fiz a loucura de ficar em Imbituba com ele e outros mudos numa Vemaguete, que o Mudinho dirigia na maior velocidade, falando o tempo todo.
Só que surdo quando fala tem que olhar pro outro, então ele ficava falando e olhando pro lado, e eu apavorado dentro do carro, gritando!
Mudinho agora mora em Cabo Frio, dá aulas para surdos, shapeia e continua falando pra caramba!
Nas fotos, mudinho no Arpoador 1967 e na Macumba 2004.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Vanderbill



Quando minhas pranchas explodiram, em 1970, ele era meu concorrente direto.
A gente fazia pranchas um contra o outro.
Eu via as pranchas dele e pensava, caramba, esta cara é melhor do que eu. Ia pra sala de shape e saía com alguma coisa melhor.
Nào vou ficar de falsa modéstia.
A grande diferença entre nós é que eu estudei engenharia, conhecia conceitos científicos de hidrodinâmica, física, etc, que aplicava nas minhas pranchas.
Enfim, elas eram, e ainda são, mais técnicas, mais embasadas.
As dele eram mais estéticas, mais bonitas. Eu não conseguia sacrificar um conceito técnico apenas para ficar bonito.
Naquele época a gente ousava mais, as mudanças no shape eram muito rápidas e intensas, os caras lá fora estava á todo vapor, George Greenough, Bob Mactavish, Dick Brewer, todo mundo mudando o tempo todo e a gente aqui também.
Vanderbill era um grande talento, um cara apaixonado, só que muito inconstante, nunca teve uma marca forte, shapeava para todo mundo, não tinha uma oficina, viajava, ia shapear fora, voltava.
Teve uma época em que morou no Havai e foi o shaper da temporada, todo mundo queria ter uma prancha dele.
Pra mim, ele é o ícone do shaper brasileiro desta época.
Tem uma estória que eu adoro, o Vanderbill chega pro Targão e diz, pegar onda grande todo mundo pega, mas tá vendo aquela ali, e mostra uma onda mínima, dois dedos, estourando na areia. eu arrebento numa onda daquelas!
Foto do primeiro campeonato do Pier, 1972, Vanderbill é o segundo da esquerda pra direita.

Tito Rosemberg


Tito é outro que conheço a tanto tempo que nem sei por onde começar.
Eu o admirava no início de minha vida no Arpoador porque ele já fotografava.
Eu sempre pensava, quando parar de pegar ondas, vou fotografar ondas.
Depois ele sumiu, foi trabalhar na Califórnia e voltou cheio de informações técnicas, foi a primeira vez que vi um Soft pad (disco de borracha usado para lixar as pranchas), plainas, lixadeiras, pigmentos, fitas, o cara tinha tudo de ponta, trouxe uma oficina inteira da California, mais uma ex-mulher que fazia o trabalho pesado.
O quadro da época, era o Parreiras com uma fábrica decente, uns caras fazendo algumas pranchas, como o Cyro, o Mário Bração e um bando de garotos desenhando pranchas nos cadernos de escola.
Eu, Rico, Mudinho, Mário Caolha, Miçairi, Vanderbill e outros.
Ninguém tinha nenhuma estrutura, nenhum equipamento, nenhuma informação. Só tesão.
Eu, Mudinho e o Rico fazíamos pranchas na garagem da casa do Rico, na João Lyra.
a gente fazia uma prancha por mês, em média, no máximo.
O Tito montou uma oficina, eu fui visitar e saí humilhado, nunca ia poder competir com aquela estrutura.
foi o início de tudo. Aprendemos muito com ele, acabamos crescendo, comprando nossos equipamentos e montando nossas oficinas, mas ele sempre foi um referencial.
Sempre que um cliente me enchia o saco por causa do acabamento, eu dizia, olha se vc quiser prancha bonita, faz com o Tito. eu faço pranchas boas!
Até hoje penso um pouco assim, a gente se mata pra polir uma prancha, e a primeira coisa que o cara faz é passar parafina no polimento. Acho um despedício.
Prancha tem que ser é boa na onda.
Depois disto, o Tito fez uma kombi maneiríssima, parecia uma casa, viajou muito com ela.
Eu acabei comprando uma kombi por causa dele.
Enfim, ele sempre foi uma inspiração pra nós, garotada.
Tito é um cara muito interessante, sempre foi fiel aos seus ideais, viveu da maneira que achava correta, sem concessões, coisa rara até no meio do surf.
Hoje está morando na Praia da Pipa.

Maraca



Maraca é a maior figura, é até difícil pra mim falar sobre ele, eu o conheço a tanto tempo, tenho tantas estórias sobre ele que fica difícil de começar.
quem o conhece hoje em dia, não pode imaginar o Maraca de sapato de couro com salto carrapeta, pra fica mais alto, calça impecável, cabelo longo jogado pro lado, todo arrumadinho para ir nas festas. Foi mais ou menos assim que ele era quando o conheci.
Era uma figura frágil, cheio de grilos, tinha altas paranóias. Uma vez, estávamos indo pra SP de carro, eu dormi na direção (nunca assumi que dormi, ele sempre me culpou por isto), e capotamos feio na Rio-SP. Ele passou um tempão me acusando de tentar matá-lo.

Logo depois da vinda do Penho, Maraca sumiu. foi pro Havai e ficou um tempo por la.
Cara, quando ele voltou, era outra pessoa, uma mistura de hippie com selvagem da floresta, eu nem conseguia mais conversar com ele. Era como se tivesse sido apossado por uma entidade, surfava selvagemente, era agressivo, radical, big rider.
Demorou bastante tempo para voltarmos a ser amigos, ficou dificil de conviver.
Hoje em dia voltou ao cara sensível de sempre, mas cuidado, com o Maraca nunca se sabe!

Penho




Penho é outro cara que pouca gente conhece e foi fundamental na cultura surf.
Depois que o Parreira começou a fazer pranchas, a coisa não mudava muito, tinha as pranchas importadas, caras, dificeis de conseguir, em geral dos riquinhos e dos gringos da Escola Americana.
E as Surfboards São Conrado, do Parreira, que eram boas, só que eram mais feias que as gringas porque usavam poliuretano marrom, as gringas eram de Clark Foam branco.
Um dia eu conto mais sobre o Clark, que ficou meu amigo.
Estas pranchas eram acima de 10 pés, 10'4" era um tamanho chique, 9'8" já era mínimo.
Eram grossas, largas, estáveis, flutuavam pra caramba, quase como as Stand Ups de hoje.

De repente, Penho volta do Havai com uma prancha 7'4", (não tenho certeza do tamanho), fina, estreita, sem flutuação, pintail, violeta em baixo e roxa em cima. Ninguém entendeu nada.
Imagina como devem ter sacaneado o Penho. ele aguentou firme, era um ET.
Eu lembro de estar no Arpoador, no pontão, me sentindo o máximo sentado na minha Hansen 10pés noserider, quando o Penho veio remando perto da pedra, afundado na água, eu achei que fosse um cara de tabuinha, uma prancha de jacaré de peito que se usava na época.
Depois de umas duas ondas eu sai de dentro dágua para ver o que ele estava fazendo, e de uma hora pra outra meu mundo mudou.
Aquilo é que era surf, o que a gente fazia ficou pré-histórico.
Em quinze minutos eu não queria mais minha prancha, ela tinha ficado obsoleta.
Nunca vi em minha vida uma transformação tão rápida de paradigmas.
O Penho tem todo o mérito por esta mudança. Foi muita coragem.
além disto, ele trouxe do Havai as primeiras noções técnicas de como se shapeava uma prancha, trouxe a primeira plaina Skil, enfim ,os rudimentos da técnica de fazer prancha.
Depois disto foi o primeiro cara a morar em Guaratiba, depois em Saquarema, onde tinha uma casinha de onde dava pra ver o pico.
Era um privilégio ficar hospedado lá, Penho era (ainda é) o maior hermitão.
Continua em Saquarema.
As fotos são do Tito (do carro), e do Eduardo Borgeth, as outras duas. A da oficina é importante, mostra Penho em 69 descascando longboards pra fazer pranchinhas, em sua oficina da Pacific Surfboards.