sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Vanderbill



Quando minhas pranchas explodiram, em 1970, ele era meu concorrente direto.
A gente fazia pranchas um contra o outro.
Eu via as pranchas dele e pensava, caramba, esta cara é melhor do que eu. Ia pra sala de shape e saía com alguma coisa melhor.
Nào vou ficar de falsa modéstia.
A grande diferença entre nós é que eu estudei engenharia, conhecia conceitos científicos de hidrodinâmica, física, etc, que aplicava nas minhas pranchas.
Enfim, elas eram, e ainda são, mais técnicas, mais embasadas.
As dele eram mais estéticas, mais bonitas. Eu não conseguia sacrificar um conceito técnico apenas para ficar bonito.
Naquele época a gente ousava mais, as mudanças no shape eram muito rápidas e intensas, os caras lá fora estava á todo vapor, George Greenough, Bob Mactavish, Dick Brewer, todo mundo mudando o tempo todo e a gente aqui também.
Vanderbill era um grande talento, um cara apaixonado, só que muito inconstante, nunca teve uma marca forte, shapeava para todo mundo, não tinha uma oficina, viajava, ia shapear fora, voltava.
Teve uma época em que morou no Havai e foi o shaper da temporada, todo mundo queria ter uma prancha dele.
Pra mim, ele é o ícone do shaper brasileiro desta época.
Tem uma estória que eu adoro, o Vanderbill chega pro Targão e diz, pegar onda grande todo mundo pega, mas tá vendo aquela ali, e mostra uma onda mínima, dois dedos, estourando na areia. eu arrebento numa onda daquelas!
Foto do primeiro campeonato do Pier, 1972, Vanderbill é o segundo da esquerda pra direita.

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