Todo mundo conhece o PePê.
Vou apenas contar uma estória que explica pra mim quem ele era.
Ea um dia grande no Pier Backdoor.
Pra quem não conheceu, era o lado do Pier virado pro Arpoador, o lado contrário ao pier, onde quebravam ondas grandes em dias cavernosos, sempre chuvosos, muito perigoso, porque as ondas nos jogavam contra as pilastras de ferro, se vc caisse na primeira seção da onda.
Estávamos lá fora um do lado do outro, Pepê mais por dentro, junto ao pier, quando veio uma série grande, começamos a remar numa onda que ficou casca demais, eu ia puxar o bico, quando vi que o Pinimba continuava remando. Pensei, se ele, que está mais perto do pier, acha que dá, então vamos! E remei com tudo. Bom, resumo, fomos ambos cuspidos no meio do drop, passamos pelo meio das pilastras, a prancha dele quebrou ao meio, a minha ficou com a rabeta esmagada, por sorte nada nos aconteceu.
Saí do outro lado e vi o Pepê sentado na areia, com a cabeça entre as pernas, com uma cara desolada, e fui consolá-lo.
ele chorava copiosamente, e me disse, cara, depois que passa, eu vejo a merda que faço, mas na hora eu não sinto medo.
Eis ai o segredo do Pinimba, ele não tinha este sentimento que nos protege, o medo.
Ele sempre ia mais fundo, mais alto, mais rápido.
Aliado a um talento imenso, esta qualidade/defeito o levou a ser campeão em todos os esportes que praticou, e também á morte.
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Foto (de baixo) Alberto Sodré
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