sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O Festival do Arpoador







O Festival Lendas do Arpoador foi um evento épico, a coisa mais importante para a memória do surf carioca já realizado.
A repercussão foi tão grande, que nem me preocupei em escrever sobre ele, até porque fui pra Bahia no dia seguinte, e não tinha computador.
agora, com a poeira assentada e o coração mais calmo, vamos a ele.
Primeiro, quero parabenizar o Wady e o Sabbá, eles fizeram coisas impossíveis e o Festival foi de primeira, nada podia ser melhor, nem mesmo as ondas, que iriam atrapalhar.
Quando primeiro pensei nesta homenagem, eu imaginava um jantar, mas o campeonato sem ondas foi a fórmula perfeita para que as novas gerações, presentes no Arpoador pro
campeonato, conhecessem as lendas, e como disse a Fernanda, quando a gente vier pegar ondas aqui, deixem a gente surfar, porque não somos haoles.
Foi muito emocionante ver pessoas como Arduíno, Mário Bração, Penho, Maraca, Mudinho, Tito, com água nos olhos.

A coisa que mais me impressionou foi a lista dos inscritos no primeiro clube de surf do Arpoador, acho que se vamos listar as Lendas do Arpoador, esta é a lista.
São 80 nomes, dos quais eu consigo distinguir poucos, mas com a ajuda de todos, vamos resgatar estes nomes:


sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Lendas do Rio-Campeonatos de surf dos anos 60


Está se aproximando o Campeonato Lendas do Wady, e me lembrei dos campeonatos dos anos 60.Tem um monte de gente que foi esquecida, gostaria de lembrar de todos, mas não vai dar.
Os caras se dividiam em times formados por representantes de várias categorias, senior, junior, feminino.
Era uma coisa gozada, os times eram formados por pessoas que competiam entre si, não havia nenhum trabalho de equipe, depois os pontos de cada um era somado e o time com mais pontos vencia.
Não sei quem inventou isto.
Eles competiram poucas vezes, mas deixaram uma marca.
Tinha o Cross over, o Pipeline, o Clube da Barra, O Kawabanga Surf Team.
Kawabanga era formado pelo Edgard Gordilho, Marquinho Garcia, Maraca, Tito Rosemberg e Heliana , irmã do Edgard.
O Pipeline era o Mário Bração, Persegue e não sei quem mais.
Tinha também o time do Alexandre Bastos, que era imbatível nas ondas pequenas.

O Crossover foi o mais poderoso surf team carioca, formado por estrelas como Betinho Lustosa, Piui e Marcelo Rabelo.
Foi uma boa brincadeira, mas na verdade competiram pouquíssimas vezes.
Clássico de uma época muito gostosa.
Até hoje me lembro da camiseta do Crossover, uma faixa com várias ondinhas.



Nas fotos, Regulamento do Campeonato de 1966, Geraldo e Russel, Alexandre Bastos, Cross Over (Betinho, Piui e Marcelo)

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Lendas do Rio- Yllen Kerr



Que eu saiba, Yllen nunca pegou onda, mas foi muito importante para o surf ser aceito e respeitado pela sociedade.
Yllen era jornalista do Jornal do Brasil, escrevia sobre caça submarina e os primeiros surfistas do Arpoador eram mergulhadores.
Em 15/06/1965 foi fundada a Federação Carioca de Surf no Esporte Clube Radar, com o Iate Clube e o Clube Universitário.
Yllen foi o primeiro presidente, e a diretoria incluia Alberto Gamballe, Arduíno Colassanti, Armando Serra e Irencir Beltrão.
O Alberto foi o responsável pelo 1o Concurso de Surf do Rio, na Macumba.
Como jornalista, Yllen sempre cobriu esportes como caça submarina, motociclismo, corrida e triatlon.
Organizou o primeiro campeonato de vôo livre, junto com o Barriga.
Ele participou na elaboração das regras dos primeiros campeonatos de surf e da liberação do surf no Arpoador.

Pra quem não se lembra, o surf só era permitido após as 14hs, os salva vidas tiravam a gente dágua e apreendiam as pranchas.

Walter Guerra, pai da Fernanda, era o vice presidente da Federação, e conseguiu uma área no Arpoador, 200 m da pedra em direção ao Leblon, com horário livre pra surfar o dia inteiro.
A foto de cima mostra a assinatura do decreto. foi a primeira conquista do surf no Rio.
Além de jornalista, Yllen foi artista plástico e gravador renomado.
Era pai do Fabio Kerr, grande surfista até hoje, em cuja prancha eu aprendi a ficar em pé.
Depois do surf a gente ia na casa do Yllen, um apartamento perto do Arpoador, e se deliciava com pilhas de revistas playboy espalhadas pelos cantos, delícia de qq garoto de 16 anos.

Nas foto de cima, está Walter Guerra ao lado do Gov. Negrão de Lima, Yllen é o de bigode.
Na de baixo, Yllen, Maria Helena, Fernanda, João Cristóvão e Serra com o Negrão de Lima.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Lendas do Sul-André Johannpeter





OS EVENTOS DA GURIZADA

O veraneio se resumia em surfar e se preparar para o surf.


O surf cresceu rápido na Guarita, tinha um molhe de pedras separando Itapeva, e ainda não existia o leash, então o evento era assistir um surfista cair e perder a prancha que vinha arrastando tudo e todos que estivessem pela frente.

O pessoal hoje não tem noção disso, exigia saber nadar bem, porque sempre voltavam nadando para a praia, não havia outro jeito, era normal cair, ninguém tinha controle daquilo e as pranchas deixavam a desejar, afinal, estavam todos aprendendo.

Este é um dos fatos que marcaram aquele início, pranchas indo parar nas famosas pedras dos molhes e quebrar, consequentemente era preciso remendá-las.

O melhor do surf sempre era na parte da manhã, e a tarde quando entrava o nordestão de verão que tornava o surf impraticável, ia todo mundo à ferragem comprar tecido, resina e cobalto, logo depois iam parar na garagem para consertar as pranchas, tudo era um programão para a gurizada, já fazia parte do preparo como um ritual.

Eles mesmos remendavam, sempre tinha o amigo habilidoso, e colocavam pigmento para o remendo não ficar feio, tinha remendo de 20/30 centímetros, igual a um tubarão mordendo aquelas pranchas. E assim os dias de verão se passavam em função do antes e depois do surf, era uma turma que surfava e iam juntos em tudo.

Outra atividade dessa turminha era preparar a parafina, eles compravam aqueles blocos, derretiam o diabo da parafina quente e depois pincelavam a prancha, e aquilo deixava uma camada que agarrava bem, até que ficava bom, mas era um crime. Só existia parafina e vela, mas vela não funcionava então, o jeito era improvisar com o que tinha.

O APOIO DAS MÃES

Torres era uma praia relativamente pequena nos anos 60, as mães eram amigas e se revezavam para cuidar e dar carona para essa gurizada, a Luiza, mãe do Alemão Caio, vinha num Jipão e levava a turma, a Érica, mãe do André, a Marília, mãe do Massa, e outras mães também participavam dessa rotina, e ninguém queria sair da praia, às vezes passavam o dia inteiro surfando, o maior limitador era o sol do meio dia, obrigava o pessoal a ir embora, mas voltavam depois das quatro, e essas mães tinham o papel fundamental de levar e trazer, foram grandes incentivadoras, e também porque elas gostavam daquele movimento todo de pegar uma prainha.

Alguns nomes da gurizada

Os irmãos Massa, Pingo e Leonel Obino, o Ziza e o Marcelo Mottin “Negão”, o Carlos, o Kito que era um pouco menor, o Claudio e o Cristiano Johannpeter, o Dado Bier que era um pouco menor, o Titino. Tem muita gente...

Legendas para as fotos

Foto: Massa na Guarita de macacão quem quem e pranchinha forrada com tecido, os dois tinham a função de proteger a barriga das assaduras

Foto: turminha em Torres – Muito pioneiras, a coragem das mães deixarem esses piazitos surfarem naquela época.


segunda-feira, 27 de julho de 2009

O Surf virou moda!




Texto do Irencyr Beltrão ( Barriga)


"O Arpoador era referencia, lançou moda e formava opiniões.

A primeira geração de pranchas foram as "portas de igreja" .
As manobras eram dropar e cortar, os surfistas endeusados eram Jorge Americano, Gilberto Laport e Paulinho Macumba.
A segunda geração foram as madeirites de compensado naval quando já se pretendia ficar no ponto mais critico da onda e eram esboçadas algumas manobras para se manter nas paredes das ondas.
Aí se formou uma turma enorme, os que migraram da porta de igreja para madeirite, e os novos como Mucio, Ronaldo, Barriga, Paulo Salsicha, Bruno Hermani, Charuto, Galdino, Mudinho, Rico, Tito Rozemberg, Betinho, Mario Bração e o Piui, Cyro, Tuty Canud, Ronald Maisa e outros .....
Apareceram surfistas artistas como Marcos e Paulo Sergio Vale, e as surfistas mulheres, Fernanda Guerra e Maria Helena.
Nós ficavamos deslumbrados com fotos de revistas e filmes, com as pranchas de balsa e fibra, tinhamos que tentar fazê-las, o primeiro a arriscar foi Arduino.
Eu e um garoto que morava na San Romã (o Perseguição) estávamos quase que ao mesmo tempo shapeando nossas pranchas também.
Conseguimos comprar blocos de isopor mais denso,colamos longarinas de madeira com comprimento de 10 pés.
Arduino fez 2 cavaletes e montou na praia do Arpoador ao lado da antiga estação de rádio, por ser mais protegido do vento leste, ali ele foi fazendo tudo, desenhou a forma, cortou o contorno e com ralador de coco foi dando o shape da prancha.
Comprou tela de fibra de vidro, e então começaram os testes, o problema é que a resina poliester derretia o isopor.
Alguém deu a ideia, porque vcs não vão na "Bayer", eles tem resinas e poderão ajudar.
Eu e Arduino fomos muito bem atendidos e nos deram uma aula, poderíamos isolar o isopor com epoxy e depois sim fibra e poliester, e até usar qualquer tipo de fibra sem ser fibra de vidro, como algodãozinho ou canhamo.
Compramos alguns galões de epoxy e voltamos felizes.
Como a prancha do Arduino estava mais adiantada, acompanhamos na praia o desenrolar do projeto, depois de isolado foi feito o revestimento de fibra e poliester, a cada rajada de vento com areia, papel de sorvete, gravetos grudava na obra prima do Arduino.
A resina não secava, não sabiamos como fazer, imaginávamos que com o tempo secaria (sic..). Após a fixação da quilha realmente parecia uma prancha de surf (visto de longe).
Bem, era melhor deixar no sol para secar.
A minha prancha estava na sala de jantar da casa de meus pais, apenas o isopor e a lomgarina colada, não sabia ainda que contorno daria, a do Perseguição laminando mas não estava pronta ainda.
A do Arduino prontinha só que não secava e tinha varias coisas grudadas nela.
Neste ponto apareceu um gringo tentando surfar com uma madeirite emprestada, as condições não era das melhores, estava ventando um pouco de sudoeste.
O Arduino que falava bem inglês se aproximou, começaram a conversar, o cara tinha vindo do Peru, surfou lá e veio para o Brasil por Sta Cruz, Mato Grosso. Foi para o nordeste e veio descendo a costa para ver se tinha potencial de surf até chegar no Rio. Foi para Copacabana e lá viu um garoto carregando uma madeirite, ele seguiu o garoto e chegou no Arpoador.
Era o PETER TROY.
Tinhamos visto no noticiario do jornal no cinema Roxy um campeonato em Biarritz na França em que o Australiano Peter Troy tinha ganhado o campeonato.
Era ELE!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Lendas do Rio- Roberto Valério

Este mês faz 15 anos que o Valério se foi, e é um ótimo momento pra recordá-lo.
Ele era cria do Yso Amsler, que o descobriu na Urca e colocou nas ondas de Saquarema, onde conquistou o título de revelação do ALA MOANA de 1976.
o resto, foi história que ele mesmo escreveu:
vários campeonatos nacionais e internacionais, empresário de sucesso, junto com Mauro Taubman, da Company, fez a Cyclone, de surfwear, depois a Neutron, de pranchas, um cara sério.











terça-feira, 19 de maio de 2009

Lendas do SUL- klaus e Jorge Gerdau Johannpeter


A CULTURA SURF SURGE NO SUL DO BRASIL

A BUSCA POR CONHECIMENTO

As primeiras pranchas que o Mário Pettini fez em 1963 para os irmãos Johannpeter eram uns monstros, pesadíssimos, sem shape, mas foi um negócio totalmente pioneiro, que resultou em uma busca ávida para entender como se fazia surf e onde encontrar equipamentos.

E assim começaram as viagens atrás de informações sobre o esporte que recém surgia.

RIO DE JANEIRO

Naqueles tempos era hábito gaúcho viajar no inverno para o Rio de Janeiro, e foi numa destas viagens que Klaus e Jorge Gerdau Johannpeter foram conhecer o que estava acontecendo por lá, onde também estava tudo começando. Encontraram alguns surfistas na praia do Arpoador e deles compraram pranchões de fibra de vidro, trazendo a novidade para Torres e iniciando assim a atividade do surf entre amigos e familiares.

Dos primeiros jovens que aprenderam a surfar com os irmãos pioneiros, foram Marco Antonio Silva, Roberto Bins e Martin Streibel, estes meninos são da primeira geração de surfistas do Rio Grande do Sul, que deram, nos primeiros campeonatos iniciados em 1968, shows de habilidade e beleza.

Marco Antonio Silva vence o Iº Campeonato Gaúcho em 1968, e Roberto Bins Júnior é o segundo campeão do estado em 1969, com Martin Streibel em segundo lugar neste mesmo ano.

Paralelamente, Fernando Sefton, que trabalhava no eixo Rio- São Paulo, visita o Arpoador fazendo amizade com os pioneiros do surf local, trazendo para a praia de Atlântida uma “Madeirite”, onde inicia os filhos Paulo, Ricardo e Betty a praticar o esporte, estes se tornaram grandes campeões de surf a partir de 1969, quando Betty recebe o título de campeã, sendo a primeira mulher a vencer um campeonato no Rio Grande do Sul, e no próximo ano desponta o jovem Paulo Sefton, que se consagra campeão gaúcho em 1970,71/72 e se torna pentacampeão em 1980, vindo a ter uma carreira brilhante de vitórias junto com seu irmão Ricardo.

Enquanto isso, Mário dá continuidade à fabricação das pranchas e experimenta com seus filhos Roberto, Luiz e Paulo as “Pettini” no mar de Atlântida.

Dai para frente nada mais seria como antes, o surf viria a ser a grande diversão familiar nos próximos verões, atraindo olhares interessados, novos adeptos e definitivamente mudando o conceito de pegar praia por todo o estado. A Cultura Surf surgia no sul do Brasil.

E os anos 60 só estão começando...
foto de klaus Johannpeter com os pioneiros.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Lendas do Rio-Irencyr Beltrão II- O Arpoador








Este relato do Barriga me lembra uma época que não vivi, mas sonhei em viver:
O Arpoador anos 50.

" Quando comecei a frequentar o Arpoador em 1955 tinha 14 anos, morava na R. Conselheiro Lafaiete, em Copacabana, da minha janela via o pontão do Arpoador, (não tinha predios altos na nossa frente), a agua era muito clara na época com menos poluição e ondas maravilhosas com surfistas!!!!!!!.
Já se fazia Surf com pé de pato e prancha de madeira maciça .
LUIS VITAL (o Bisão), engenheiro e pescador submarino, construiu umas 5 ou 6 pranchas e deu para a galera do ARPOADOR.
Quando não dava para pescar de mergulho, principalmente quando quebrava na terceira laje, se misturavam surfistas de peito, de pranchinha e porta de igreja que não se chamavam de surfistas e sim pegadores de jacaré, porque? até hoje não sei.
Pranchinha era uma táboa de madeira pra pegar jacaré de peito.
O Arpoador era diferente de tudo, os frequentadores eram poucos, a maioria estrangeiros, descendentes de alemães, americanos etc...
Lá se fazia pesca submarina capturavam-se meros de 100kg, jamantas enormes sempre vinham de sul migrando para o norte, o Arpoador era passagem obrigatória, ao lado a praia do Diabo.
Era tudo muito assustador para época, poucos se aventuravam no mar.
Nas pedras um pequeno grupo liderado pelo Zé Gordo que mergulhava de cabeça fazendo um anjo do 3º andar da "piscininha" local do Arpoador com mais ou menos 10m de altura com 1,80m de profundidade, ou em pequenos buracos razos cheios de pedras pontudas e ouriços, os mergulhos eram no estilo do que se fazia em Acapulco, México.
Caramba estes caras viviam desafiando a natureza, com o mar virado surfavam de peito nas pedras, chamavam de Salcerar. Quando vinha onda se lançavam de peito sobre as pedras onde as ondas lavavam, aí voce tinha que ficar em pé sobre a pedra que secava, os melhores faziam descalço. Quando erravam passavam por cima da pedra e caiam do outro lado, imagina como ficavam de ouriço e tremendos cortes das caracas, os mais espertos usavam alpargatas, (sapatilha de sola de corda e cobertura de lona).



Para ser do Arpoador tinha que passar por tudo isso, surf sempre de onda grande.
O meu apelido veio dos mergulhos nas pedras, Zé Gordo que era o tope de mergulhos das pedras me apelidou de "barriguinha", dizia que quando eu mergulhava no ar tinha uma postura em que aparecia uma barriguinha.
Tambem tive que aprender a salcerar, depois lógico a fazer pesca submarina, só depois que fui ser surfista.
Nesta época ser do Arpoador era fazer parte de uma elite, só tive acesso a uma prancha quando todas quebraram, foi então que fiz tudo para ter a minha e influenciar uma nova geração que seriam os surfistas das 'MADEIRITES" .
Algumas pranchas de balsa e fibra apareceram no Arpoador trazidas por gringos que ali se aventuraram, mas sem sucesso, chegamos a pensar que nossas ondas eram muito rápidas e não daria certo com aquele tipo de prancha.
Arduino chegou a comprar de um gringo uma dessas pranchas mas depois de uma ressaca, as pedras estavam sem areia, na primeira tentativa em ficar de pé num dia de marolinhas caiu, a prancha foi sozinha até as pedras e quebrou em varias partes, acabando pelo menos provisoriamente o sonho de surfar numa daquelas pranchas.
Outras pranchas ocas apareceram no Arpoador mas ninguem conseguiu surfa-las, era outra técnica, nenhum bom surfista tinha passado por aqui, o que só aconteceria a partir do Peter Troy.

Não sei dizer quem foi o primeiro a surfar no Arpoador antes das portas de igreja, sei que tudo aconteceu nos anos 50, nomes importantes desta época foram Paulo Preguiça de prancha, Jorge Grande surfista de peito sem prancha, - registros fotográficos? - não era comum máquinas fotográficas naqueles tempos.


sábado, 9 de maio de 2009

Lendas do Rio-Irencyr Beltrão-As madeirites









Irencyr Beltrão, o Barriga, me contou tantas estórias que merece um capítulo á parte do blog.
Vou começar pelas madeirites.
O Barriga fez as primeiras madeirites.
Segundo ele, nos anos 50 existia no Arpoador uma turma que usava umas pranchas muito interessantes.
Em lugar nenhum se fazia Surf com pé de pato e uma prancha de madeira maciça, com 2,5cm de espessura, feita de réguas de 15cm de madeira macho e fêmea, retangular e o bico envergado do tamanho de uma porta, 2,20cm de comprimento por 50cm de largura, em baixo uma quilha comprida de 60cm por 5cm de altura.
Eram chamadas de porta de igreja. A foto do Arduíno é com uma.

Quem construiu estas pranchas foi o LUIS VITAL (o Bisão) engenheiro e pescador submarino, que deu 5 ou 6 pro pessoal do Arpoador usar nos dias de ondas fortes, quando não dava pra pescar de mergulho.

Os melhores surfistas desta época eram o Gilberto Laport, Jorge Americano (Jorge Paulo Lemman) e Paulinho Macumba entre outros poucos.
Naquela época a maioria dos Surfistas vinham da pesca submarina, todos citados acima eram bons de mergulho, o Bruno Hermany foi bicampeão mundial de pesca submarina, e o Barriga foi campeão sul americano.
Daí uma intimidade com o mar que fez com que estes caras pegassem ondas enormes, terceira lage do Arpoador, Baixio de Copacabana.
Curioso que a origem do surf no Arpoador foi uma alternativa pra quando o mar estivesse grande demais pra pescar.

Ronaldo Mentira ganhou este apelido porque disse que pegou uma onda tão grande no Baixio de Copacabana que deu pra ver a Lagoa Rodrigo de Freitas....

Em 1958 Barriga ganhou uma das últimas porta de igreja do Paulinho Macumba (Paulo Bebiano), e começou a surfar nela. A prancha é a da foto do alto, no Arpoador.
Elas foram quebrando e ninguém sabia fazer novas.

Em 1959 Barriga foi na Ilha do Governador ver uma lancha e conversando com o construtor, surgiu a idéia de fazer um prancha mais resistente do que a porta de igreja.
A partir das informações dadas pelo Moacyr, o construtor naval, ele desenhou a primeira prancha de compensado Naval, a primeira madeirite, já com aparência de prancha de surf, bico e rabeta mais arredondados, quilha com borda de ataque e borda de fuga.

O Moacyr falou pra comprarem compensado, eles compraram uma folha grossa e cortaram pra fazer 3 pranchas, mas quando chegaram na Ilha descobriram que tinha que ser 3 folhas de compensado fino, pra dar a curva de fundo.
Começaram tudo de novo, e foi assim que fizeram as 3 primeiras madeirites do Arpoador.

O resto é história.
A serraria da Ilha virou referência, todo mundo ia fazer suas pranchas com seu Moacyr , ou na Francisco Otaviano, mas estas eram piores.
A próxima estória do Irencyr é das pranchas de fibra feitas com o Peter Troy.

Estes caras tiveram o privilégio de ter vivido numa época de descobertas.

fotos: Arduíno e Paulinho Macumba surfando de porta de igreja, Edgar de madeirite e pé de pato na mão, saindo dágua.
Jorge Paulo Lemman, Barriga, Arduíno e Mucio Palma no Pontão do Arpoador, de madeirite.




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segunda-feira, 27 de abril de 2009

Lendas do Rio-Paulo Proença/WAXMATE




O RATO.
Paulinho é das personalidades mais hilárias do mundo do surf.
Toda vez que me cobra de não estar no lendas, eu o sacaneio dizendo que quando fizesse o lado negro do Surf, iria abrir com ele.
Tem um pouco de verdade, Paulinho é personagem de muitas estórias cavernosas, a melhor pra mim, do apartamento do Lipe, mas não vou contar, estas estórias só ao vivo.
Quem conhece vai rir só de lembrar.
Na verdade, eu o estava guardando para contar a estória da WAXMATE. E por tabela, de uma das Mecas do surf, Saquarema.
Ambas estão interligadas, WAXMATE e SAQUAREMA são quase sinônimos, e Paulinho é fundamental em ambas.
Ele, Otávio Pacheco e o Zeca Proença fizeram a primeira fábrica de parafinas, sob a "licença" da WAXMATE.
A fábrica era em Saquarema, proporcionou uma razão para estes caras morarem lá, foram os primeiros locais, fora o Penho, e vários amigos e agregados gravitavam em torno, desde o Relson Gracie, ao Evandro Mesquita.
Desta mistura sairam desde o Jiujitsu pra surfistas, até Você Não soube me Amar, do Zeca e do Evandro, com a BLITZ.
Estou esperando até agora pelas fotos da fábrica e da parafina, então vou postar sem mesmo, que depois aparece.
Na foto, Serginho, Xuxa, Rato e Otávio, no Pier.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Lendas do Sul- Mario Pettini

Por Cris Engler

Mário foi o primeiro fabricante de pranchas do Sul, e acaba de nos deixar, no dia 29 de março.

esta é uma homengem póstuma a ele.


MARIO PETTINI

PIONEIRO DA INDÚSTRIA DE PRANCHAS NO SUL


Mario Pettini nasceu em 1926, e no domingo de 29 de março de 2009, se despediu da aventura de viver deixando saudades, não apenas pela ausência, mas pelo que representou como ser humano e como exemplo de homem em busca constante do saber.

Tive o privilégio de conhecê-lo, e às vezes que conversamos vi nele a importância do aprender, de estar sempre buscando, era uma pessoa que prendia as atenções e tinha prazer no que fazia.

Marcamos de nos encontrar no dia 30 de março, quando ele me entregaria um texto sobre algumas passagens da sua vida relacionadas à origem do surf no sul, o encontro não chegou a acontecer, pois no domingo ele já havia partido. Foi por intermédio de seu neto Felipe Pettini que recebi a notícia. Tive a sensação de tristeza por não ter me despedido dele, mas ao mesmo tempo senti uma alegria por ter tido a oportunidade de compartilhar um pouco da sua história. O que ele escreveu caiu como um presente para todos os apaixonados pela história do surf.


O MARCO INICIAL DO SURF NO SUL

No fim da década de cinquenta, Mario Pettini estava estabelecido em Porto Alegre, onde tabricava pequenos barcos em madeira compensada que revestia com tecido de vidro e resina epoxy. Tanto a resina como o tecido de vidro era Ciba. Desse relacionamento surgiram convites para assistir seminários sobre o uso de plásticos reforçados na fabricação de modelos de fundição e ferramentas de estamparia, o que abriu um leque de conhecimentos.

Em 1962, o chefe da divisão de plásticos da Ciba no Brasil, o chamou para fazer um estágio no laboratório de desenvolvimento de produtos na Basiléia, onde aprendeu muito.

Logo após a volta da Itália, Mário foi procurado por Jorge Gerdau Johannpeter, sabendo de sua experiência com resina, com a pergunta:

Meus irmãos e eu acabamos e experimentar umas pranchas havaianas, tirei fotos para referência, será que poderias fazer igual?


Mario acabou concordando e desta tentativa surgiram as primeiras pranchas de fibra de vidro feitas pelas bandas do sul.

Na verdade as pranchas eram toscas, mal acabadas, grandes e pesadas, mas refletiam o pouco que na época se sabia de tecnologia de fabricação.


AS PRIMEIRAS PRANCHAS FEITAS POR ESTAS BANDAS

De posse das fotos Mario foi à oficina de modelos para fundição do Fileno Vizentin, pedir-lhe se poderia fazer um protótipo. Ele pensou, coçou a cabeça, e terminou concordando.

O modelo, feito em cedro, ficou lindo. Se seu peso não tivesse ficado alto, teria sido usado como prancha, tinha um acabamento perfeito, madeira de primeira.

Deste modelo fizeram um molde em fibra de vidro, na verdade dois moldes: um para o dorso e outro para o ventre. Nestes dois moldes fabricaram as cascas que seriam as paredes externas, e no espaço interno injetaram a espuma de poliuretano.

A primeira peça foi perdida. A experiência em lidar com a espuma era pouca, a pressão dela contra o molde foi muito grande, os grampos de fechamento não resistiram à força de expansão da espuma, da qual a maior parte jorrou para fora do molde. A partir deste experimento, reduziram a quantidade de material, reforçaram os grampos e daí para diante elas foram ficando pouco a pouco melhores.

Fez pranchas para seus filhos Paulo e Roberto, o Fernando Sefton surfou também com pranchas Pettini. Esporadicamente vendeu algumas pranchas, mas na verdade a qualidade deixava a desejar



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DEWER WEBER

Assim foi até novembro de 1968, quando Mario, que na época era piloto, foi buscar um avião nos Estados Unidos, lá acontecia a Feira Mundial de Plásticos em Chicago. Nesta feira conheceu uma firma da qual terminou se tornando representante para o Brasil. O Dono, porém disse que só daria a representação se, ao terminar a feira, ele visitasse sua fábrica em Los Angeles. Concordou, mas perguntou se ele conhecia um fabricante de pranchas de surf para que pudesse visitar e ver como eram feitas.

A resposta foi positiva, disse que conhecia o Dewer Weber. Assim conseguiu passar um dia em sua fábrica. Dele comprou uma prancha que terminou servindo de modelo para as demais que passou a fazer. Diga-se de passagem, que Dewer é considerado até hoje um dos grandes da história mundial do surf.

Nesta altura da história as pranchas já tinham baixado de tamanho. A fábrica de pranchas Pettini foi descontinuada.

O imposto de consumo passou a taxá-las como barcos – e seu preço tornou-se proibitivo.

Os fabricantes de fundo de quintal passaram a tomar conta do mercado.

Mario veraneava em Atlântida, nunca conseguiu surfar bem, o que o motivou a mudar de esporte, o filho Paulo também não quis continuar, mas o filho Roberto e mais tarde o caçula Luiz continuaram surfando por anos e até hoje a família mantém a tradição do surf com os netos Felipe, Marcus, Ricardo, Rodrigo e Antonio Pettini.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Lendas do Rio-André Pitzalis


André foi dos maiores surfistas de sua geração, um cara de personalidade forte, cativante.
Foi protagonista de um dos primeiros anúncios de TV focando o surf, da Pepsi se não me engano, pegando altas ondas em Saquarema.
Era um cara despojado, bem largadão, uma vez, chegando no Hawaii da California, sem prancha como sempre, pegou uma emprestada em Haleiwa, os caras não o conheciam, deram uma daquelas guns antigas que ficam na praia.
Ele arrepiou tanto dentro dágua que quando saiu, já tinha prancha da Budweiser pra ele, patrocínio de cervejas no kiosque, e uma legião de fans.
Este era o André, amigo do peito.
Quando vi esta foto, junto com o Pipi, que também já se foi, bateu uma emoção forte, e lembrei, que na última vez que nos vimos, ele namorava a Rose de Primo.
Isto já é razão suficiente pra estar no Lendas.
Saudades André.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Lendas da Bahia- Zé Alberto Catarino



vamos falar de um dos primeiros ídolos baianos, José Alberto Catarino, sem dúvida o surfista mais habilidoso da bahia na década de 1970.
Zé começou a surfar na praia do barravento, de peito e madeirite, como a maioria dos pioneiros baianos.
Em 1967 testou seu primeiro pranchão no farol da barra ,uma São Conrado que veio do Rio.
Antes de começar a surfar Zé não se lembra de nenhum outro surfista, só os irmãos Muller passando com pranchas em cima do carro.
Durante quase uma década ele dividiu com Alex Cunha Guedes as honras de melhor surfista da bahia.
Seus parceiros eram jorge e almir moraes, alex, ze valter, ernane, nazareno, tourão e muitos outros.
Em 1970 viajou com almir e jorge até Saquarema onde surfaram ondas incriveis e descobriram que no sul era necessário roupa de borracha, coisa impensável na Bahia.
Em 1971 fez o segundo surfari, sendo responsável pelos menores.
Junto com alex, ze valter, braulinho, guelez, ernane e alemão descobriram as ondas do sul, na praia da guarda, imbituba, joaquina e começaram o intercâmbio com a galera do rio, carlos mudinho, ze mudo, maraca ,gatão, iso, e outros.
ze alberto se tornou piloto de testes das pranchas Haty ,que dominaram o mercado baiano. Depois virou sócio da marca na mudança para o rio de janeiro, onde virou JL.
ze sempre foi um inovador e tentava nas pranchas haty todo tipo de novidades , inclusive biquilhas, triquilhas e 5 quilhas testadas no início da década de 70 por ele e braulinho.
Zé foi o maior idolo da minha geração, pois reunia tudo que nós queríamos ser:
era universitário, namorava as meninas mais bonitas, tinha os carros mais modernos, morava em uma das casas mais bonitas e ainda por cima era o melhor e mais atualizado surfista da sua geração.

um grande abraço e muito aloha,

Lapo


terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Lendas do Sul- Alemão Caio




























Por Cris Engler




" O mais importante do surf é a diversão, o esporte, o contato com a natureza, o mar, deslizando na onda, o mar passando por cima da tua cabeça, pegando um tubo, essa sempre foi para mim a maior diversão". Alemão Caio


A praia da Guarita, em Torres foi o berço do surf no Rio Grande do Sul, lá surgiram os primeiros nomes do surf gaúcho, e Caio Chaves Barcellos, o Alemão Caio, é um destes nomes que começou as suas manobras naquela bela praia do litoral norte do estado.

Ainda menino, Caio já gostava de pegar jacaré e "cortar" as ondas com as planondas de isopor. A planonda era a grande sensação daqueles verões de 66/67, na praia da Guarita. As crianças pintavam, forravam com tecidos coloridos, colocavam quilhas, era a diversão da garotada.

No verão de 1968, com 11 anos, Caio ganhou a primeira prancha de surf de presente de Klaus e Jorge Johannpeter, a prancha era enorme, uma das primeiras São Conrado, devia ter uns 12 pés, mono-quilha, na época era tudo mono-quilha, pesada pra caramba, para carregar precisava de uns quatro guris que mal conseguiam aguentar o peso. O pai, Pedro Chaves Barcellos pagou contrariado 200 cruzeiros aos irmãos Johannpeter, porque não queria que o filho pegasse ondas.
Foi ai, que Caio começou a pegar gosto pelo surf, na mesma época que Roberto Bins Junior, Lale, Alizinho, Marco Antônio Silva (filho do Dirceu Silva), Paulinho e Mico Sefton, o Mico era menor, o próprio pessoal mais velho, Jorge, Klaus e Fritz johannpeter, Fernando Sefton e Valdemar Bier, foi ali que começou, onde se formou o que hoje todo mundo chama de galera, se formou ali um tipo de família, que no final de semana se reuniam, pai, mãe, filhos, primos e amigos, era uma turma enorme, tudo muito diferente. Caio relembra "O surf era clássico, mais free surf, o real espírito do esporte, que é ir à praia, ficar pegando ondas com os amigos em um lugar bom, curtindo tranqüilo". E assim se passavam os dias na Guarita, todo mundo se conhecia.
"As melhores lembranças é de poder ter vivido e passado por aquela época". Finaliza Caio.
fotos: Caio Campeonato de surf Gaúcho Guarita/ Torres Fotógrafo Neni Ribeiro
Caio no Hawaii arquivo pessoal
Caio campeonato gaucho de surf Torres Guarita fotógrafo Vitor Teixeira

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

lendas do Rio-Cauli Rodrigues




Cauli foi o primeiro surfista profissional que eu conheci, no sentido de levar a coisa extremamente á sério.
Ele foi o primeiro cara a treinar, a praticar surf como uma atividade sistemática.
Antes todo mundo pegava onda, uns tinham mais talento que outros, mas ninguém levava muito á sério.
Hoje, depois de ver o Bursting down the doors, acho que a coisa mudou naquele ano de 1974/75 no Hawaii, e depois se espalhou pelo mundo.
Os caras começaram a se levar a sério, a querer levar a limites ainda não alcançados, a ganhar grana, a ser atletas profissionais.
Cauli simboliza isto pra mim, sua obsessão, seus treinos, foram recompensados por ser um dos mais inovadores surfistas brasileiros de todos os tempos, e um dos mais ganhadores também.
durante quase uma década, nos anos 80, ele dominou a cena competitiva.
Até hoje, ele é extremamente obcessivo.
Na última vez que eu o encontrei na praia, eu estava chegando no Posto 6, o sol nascendo e ele já voltava a pé do Arpoador, reclamando do crowd.
Caramba, era menos de 8 da manhã, e o cara já estava voltando pra casa?
Ele surfa de madrugada.