terça-feira, 25 de agosto de 2009

Lendas do Rio- Yllen Kerr



Que eu saiba, Yllen nunca pegou onda, mas foi muito importante para o surf ser aceito e respeitado pela sociedade.
Yllen era jornalista do Jornal do Brasil, escrevia sobre caça submarina e os primeiros surfistas do Arpoador eram mergulhadores.
Em 15/06/1965 foi fundada a Federação Carioca de Surf no Esporte Clube Radar, com o Iate Clube e o Clube Universitário.
Yllen foi o primeiro presidente, e a diretoria incluia Alberto Gamballe, Arduíno Colassanti, Armando Serra e Irencir Beltrão.
O Alberto foi o responsável pelo 1o Concurso de Surf do Rio, na Macumba.
Como jornalista, Yllen sempre cobriu esportes como caça submarina, motociclismo, corrida e triatlon.
Organizou o primeiro campeonato de vôo livre, junto com o Barriga.
Ele participou na elaboração das regras dos primeiros campeonatos de surf e da liberação do surf no Arpoador.

Pra quem não se lembra, o surf só era permitido após as 14hs, os salva vidas tiravam a gente dágua e apreendiam as pranchas.

Walter Guerra, pai da Fernanda, era o vice presidente da Federação, e conseguiu uma área no Arpoador, 200 m da pedra em direção ao Leblon, com horário livre pra surfar o dia inteiro.
A foto de cima mostra a assinatura do decreto. foi a primeira conquista do surf no Rio.
Além de jornalista, Yllen foi artista plástico e gravador renomado.
Era pai do Fabio Kerr, grande surfista até hoje, em cuja prancha eu aprendi a ficar em pé.
Depois do surf a gente ia na casa do Yllen, um apartamento perto do Arpoador, e se deliciava com pilhas de revistas playboy espalhadas pelos cantos, delícia de qq garoto de 16 anos.

Nas foto de cima, está Walter Guerra ao lado do Gov. Negrão de Lima, Yllen é o de bigode.
Na de baixo, Yllen, Maria Helena, Fernanda, João Cristóvão e Serra com o Negrão de Lima.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Lendas do Sul-André Johannpeter





OS EVENTOS DA GURIZADA

O veraneio se resumia em surfar e se preparar para o surf.


O surf cresceu rápido na Guarita, tinha um molhe de pedras separando Itapeva, e ainda não existia o leash, então o evento era assistir um surfista cair e perder a prancha que vinha arrastando tudo e todos que estivessem pela frente.

O pessoal hoje não tem noção disso, exigia saber nadar bem, porque sempre voltavam nadando para a praia, não havia outro jeito, era normal cair, ninguém tinha controle daquilo e as pranchas deixavam a desejar, afinal, estavam todos aprendendo.

Este é um dos fatos que marcaram aquele início, pranchas indo parar nas famosas pedras dos molhes e quebrar, consequentemente era preciso remendá-las.

O melhor do surf sempre era na parte da manhã, e a tarde quando entrava o nordestão de verão que tornava o surf impraticável, ia todo mundo à ferragem comprar tecido, resina e cobalto, logo depois iam parar na garagem para consertar as pranchas, tudo era um programão para a gurizada, já fazia parte do preparo como um ritual.

Eles mesmos remendavam, sempre tinha o amigo habilidoso, e colocavam pigmento para o remendo não ficar feio, tinha remendo de 20/30 centímetros, igual a um tubarão mordendo aquelas pranchas. E assim os dias de verão se passavam em função do antes e depois do surf, era uma turma que surfava e iam juntos em tudo.

Outra atividade dessa turminha era preparar a parafina, eles compravam aqueles blocos, derretiam o diabo da parafina quente e depois pincelavam a prancha, e aquilo deixava uma camada que agarrava bem, até que ficava bom, mas era um crime. Só existia parafina e vela, mas vela não funcionava então, o jeito era improvisar com o que tinha.

O APOIO DAS MÃES

Torres era uma praia relativamente pequena nos anos 60, as mães eram amigas e se revezavam para cuidar e dar carona para essa gurizada, a Luiza, mãe do Alemão Caio, vinha num Jipão e levava a turma, a Érica, mãe do André, a Marília, mãe do Massa, e outras mães também participavam dessa rotina, e ninguém queria sair da praia, às vezes passavam o dia inteiro surfando, o maior limitador era o sol do meio dia, obrigava o pessoal a ir embora, mas voltavam depois das quatro, e essas mães tinham o papel fundamental de levar e trazer, foram grandes incentivadoras, e também porque elas gostavam daquele movimento todo de pegar uma prainha.

Alguns nomes da gurizada

Os irmãos Massa, Pingo e Leonel Obino, o Ziza e o Marcelo Mottin “Negão”, o Carlos, o Kito que era um pouco menor, o Claudio e o Cristiano Johannpeter, o Dado Bier que era um pouco menor, o Titino. Tem muita gente...

Legendas para as fotos

Foto: Massa na Guarita de macacão quem quem e pranchinha forrada com tecido, os dois tinham a função de proteger a barriga das assaduras

Foto: turminha em Torres – Muito pioneiras, a coragem das mães deixarem esses piazitos surfarem naquela época.